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O PRIMEIRO LP NINGUÉM ESQUECE

Salve amigo e amiga. A live que farei no dia 16 de junho,  às 18 horas no Facebook, será uma comemoração dos quarenta anos de lançamento do meu primeiro disco autoral. Na época, Renato Correa, um dos integrantes do grupo Golden Boys era  um dos diretores artísticos da EMI-ODEON onde o disco foi gravado, nos extintos estúdios da Rua Mena Barreto em Botafogo. Renato indicou o produtor José Milton para cuidar do projeto e o resultado foi maravilhoso, tanto no trabalho quanto no nascimento da nossa amizade. Esse LP  é de uma época em que efetivamente havia uma indústria de discos, com toda uma grande estrutura que ia desde a fábrica, passando pelos trabalhos de promoção em rádios,  até chegar as  prateleiras das lojas. O rádio era o braço forte de divulgaçāo dos produtos e quando ouvi meu disco pela primeira vez tocando numa estação, acho que na Rádio Nacional FM,  foi uma emoçāo. As gravadoras tinham uma estrutura de promoçāo que atendia o artista onde ele estivesse. Assim aconteceu quand
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MINGO SILVA – A nova voz negra do samba, vem lá de Niterói.

                          Olá caríssimo leitor e leitora. Estou aqui mais uma vez para escrever sobre o trabalho de um artista onde eu tenha tido o prazer de participar com o meu violão. A bola da vez é o cantor e compositor Mingo Silva. É comum na discografia do samba a presença de cantores e compositores vindos de fora do Rio e que se consagram nas rodas cariocas  entrando para a  historia da música brasileira. Délcio Carvalho, Zé Katimba, Martinho da Vila, Ataulfo Alves, sāo alguns entre centenas. De Niterói, Jurujuba,  para se consagrar no Estácio e inventar o samba e as escolas, veio Ismael Silva. De lá também vieram artistas Sérgio Mendes, MPB4, Arthur Maia, Heitor TP, e tantos outros. Agora temos a alegria de conhecer o primeiro disco do niteroiense Mingo Silva, lançado pela Biscoito Fino, à disposição nas plataformas digitais. Confesso que quando começamos a gravar este disco e Mingo soltou a voz guia para a primeira base, tive uma surpresa. Mingo falando já tem uma voz redonda

UMA RABADA NA VILA DA PENHA

Na última quarta feira posso afirmar que tive um encontro com os Deuses, eu e meu amigo Augusto Martins. Fomos fazer uma visita a Maiana Baptista e Jane, uma filha, e a outra, viúva de Luiz Carlos da Vila. Estamos armando uma paradinha sobre a obra do Da Vila e era pra ser uma reunião de trabalho. Acontece que Jane resolveu preparar um almoço para nos receber. Amigo, amiga, você não está entendendo. Quando Jane faz um almoço o mundo para e os Deus es vêm para assistir a cena do preparo na cozinha e o efeito colateral em quem come, igual ao vatapá do Filipe Lima. Jane cozinha de tudo, mas é especialista na alta gastronomia carioca que eu adoro. Feijoada, tripa a lombeira, fígado, mocotó, macarronada, rabada, entre tantos outros pratos e quitutes onde o seu famoso jiló frito é o seu pièce de résistance, chiquérrimo. Aquilo na realidade é um canapé que tem o jiló como base e quem frequenta a “Feira das Yabás” conhece bem a iguaria. Voltando ao almoço, Jane prepar

O SEQUESTRADO CORAÇĀO DE JESUS

Antes que algum leitor fique de pé atrás com o título que dei a essa crônica, quero dizer que sou um respeitoso e profundo admirador de Jesus Cristo. Primeiro porque sinceramente acredito que ele tenha existido, acredito na sua história, só não acredito que ele tenha nascido louro de olhos azuis. Segundo, porque minha fé religiosa foi primeiramente formada através de seus ensinamentos. Sou batizado, crismado, estudei o catecismo. Queira eu ou não, queira você ou não, eu tenho Jesus no coração. Terceiro porque a religião que abracei na idade madura tem um profundo respeito por Cristo, aquele que teve o poder de vencer a morte. Dados os primeiros esclarecimentos, quero dizer que estamos a caminho de mais um Natal onde as intolerâncias, particularmente a intolerância religiosa, diariamente ocupam a mídia em seus vários formatos, em todo o planeta. Sinto que o Sagrado Coração de Jesus, entra século e sai século, não consegue se livrar daquela lança mortal que lhe foi aplica

Black Wednesday

Mais um vinte de tantos novembros que já se passaram desde a morte de Zumbi dos Palmares, desde a abolição da escravatura em 1888. Mais um vinte de tantos novembros que virão e ainda nada resolvido nas relações brasileiras com a escravidão de negros, prática estendida para todos os pobres de um modo geral. Mais um vinte de novembro e eu aqui escrevendo mais uma crônica sobre o assunto longe de dizer que enfim, somos todos iguais, enfim prenderam quem mandou matar Marielle. A igualdade entre humanos parece mesmo ser uma utopia a ser perseguida, uma utopia que dá sentido à vida daqueles que acreditam, como eu, que viver fica muito mais fácil e saboroso quando respeitamos nosso semelhante. Semelhante. Palavra difícil nestes tempos distantes dos lançamento das idéias de Cristo. Se somos todos iguais perante a Deus, os humanos fazem questão de mostrar diariamente que não somos iguais perante a nós mesmos. Pra quem foi criado sob os costumes da casa grande é muito difícil entender a

HOJE A FESTA É NOSSA

Hoje à noite quando eu subir no palco do Teatro Rival – Petrobrás  nāo  vai ser como as outras vezes que cantei por lá em trabalhos anteriores. Lá estive pela  primeira vez como autor  da trilha de  um musical  escrito   pelo   meu querido parceiro Nei Lopes  e  com  direção do grande ator Haroldo De Oliveira.  Foi  o “Oh! que delícia de negras”, espetáculo engajado abordando o racismo no Brasil. Depois foram atuações como músico em shows de Martinho da Vila, o show “Vila Isabel dá Samba”, junto com  Agriāo ,  Mart’nália  e Luiz Carlos da Vila, os lançamentos do “Coisa de Chefe”, “Matrizes”, com Luiz Carlos da Vila,  “ Amigo de fé”, “Ismael Silva, uma escola de Samba”, junto com Augusto Martins e outros que no momento que escrevo me fogem à memoria. Embora intimo do palco do Rival ,  a noite de hoje vai ser muito diferente. Estarei em cen a completando 70 anos e na  platé ia  minha mulher,  Renata  Ahrends ,  nascida na mesma data que eu, completando alguns poucos. Nos e

KIZUMBA

                                                 Foto:  Clóvis Scarpino Em algum momento do final dos anos 70, se nāo me engano (tenho que abrir todas as caixas de relíquias para conferir), eu, Dalmo Castelo, Jorge Aragāo, Luiz Carlos da Vila e Wilson Moreira nos juntamos para fazer um show. A ideia surgiu nos inúmeros papos que tivemos eu e o ator e diretor Haroldo de Oliveira, lá no Restaurante Amarelinho da Cinelândia, quando passávamos horas tomando umas e debatendo sobre negritude, racismo, politica, música, novelas e afins. Viajamos tanto na maionese que começamos até um projeto de montar um negócio de produtos de beleza para negros, na época um pensamento totalmente absurdo, provocador. Das muitas ideias que tivemos uma quase realizamos que foi a peça “A cor da cor”, trocadilho inspirado na foto de Luiz Murier publicada no Jornal do Brasil, onde um PM conduz um grupo de negros presos na favela ligados um a um por uma corda no pescoço. Che