Olá caríssimo leitor e leitora. Estou aqui mais uma vez para escrever sobre o trabalho de um artista onde eu tenha tido o prazer de participar com o meu violão. A bola da vez é o cantor e compositor Mingo Silva.
É comum na discografia do samba a presença de cantores e compositores vindos de fora do Rio e que se consagram nas rodas cariocas entrando para a historia da música brasileira.
Délcio Carvalho, Zé Katimba, Martinho da Vila, Ataulfo Alves, sāo alguns entre centenas. De Niterói, Jurujuba, para se consagrar no Estácio e inventar o samba e as escolas, veio Ismael Silva.
De lá também vieram artistas Sérgio Mendes, MPB4, Arthur Maia, Heitor TP, e tantos outros.
Agora temos a alegria de conhecer o primeiro disco do niteroiense Mingo Silva, lançado pela Biscoito Fino, à disposição nas plataformas digitais.
Confesso que quando começamos a gravar este disco e Mingo soltou a voz guia para a primeira base, tive uma surpresa. Mingo falando já tem uma voz redonda, mas cantando traz com ele o melhor de Jamelāo, Nadinho da Ilha, Blecaute. Vozes negras de homens pretos de sorriso largo.
O disco é dos melhores lançamentos recentes na área do samba tradicional, muito bem embalado na modernidade dos arranjos de Alessandro Cardozo, Rildo Hora, Paulāo 7 Cordas, Carlinhos 7 cordas e Rafael dos Anjos.
Com caprichada produçāo de Alessandro Cardozo, meu chapinha, cavaco espertíssimo, o disco do Mingo Silva é um dos que vem mostrar que a cultura popular, em todas as suas formas de expressão, avança. A roda gira, a fila anda e aumenta na quantidade de talentos que brotam daqui, dali e de lá, embora hoje as janelas de visibilidade sejam tāo estreitas para o que é mais genuíno, poético, bom de cantar, bom de sambar, bom de viver, para as nossas preferencias, é claro. Como diria Marçal e Das Neves, “trata de ti”.
O repertório interpretado por Mingo Silva inclui composições suas, a maioria, que passeiam pelos vários estilos do samba, em parceria com compositores da nova geração como Baiaco, Nego Álvaro, Mosquito, Zé Ignácio, gente que com ele, com certeza, já mandaram muito samba juntos no “Samba do Trabalhador”, lá no Renascença.
Fiquei muito feliz em ver o disco pronto, lançado e agora vamos correndo atrás aqui pra divulgar, né? Parabéns a todos os meus colegas instrumentistas envolvidos. ARTE DO POVO é um disco bom de ouvir, cantar junto e sambar. É um disco bom também pra pensar sobre as nossas raízes e sobre o futuro da nossa música popular e do nosso povo do ayê. Um disco, com certeza, com tudo para ser abençoado pelo nosso pai Obaluaiê. Atotô
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