
e balāo japonês
comprados na loja de fogos. Aí pegávamos outro ônibus e íamos para o interior,
na casa de minha tia perto de um rio onde eu mergulhava com meus primos no verāo.
Putz! Passado tanto tempo, e do jeito que as coisas estão, nāo acredito que eu tenha vivido isso.
Voltando a vaca fria, como em todo sonho eu estava num lugar que nāo sei te dizer
direito qual era. Parecia um playground
de edifício no Méier, ou estacionamento de shopping,
ou garagem de casa de subúrbio, nāo sei, só sei que era tipo de tarde, meia
luz.
Eu estava viajando no meu smartphone
(caramba, é a terceira palavra inglesa em poucas linhas) quando deparei com uma
crônica sua publicada naquele dia no jornal. Eu ia lendo para minha patroa, mas
com dificuldade, reclamando que seria melhor se estivesse impresso.
Você escrevia sobre os problemas que envolvem uma pessoa se separar
de seu procurador, seu empresário, seu representante, alguma coisa nessa linha,
mas era um texto saboroso, cheio de citações em latim e com aquele tipo de humor
que te caracteriza.
Em determinado momento o celular sai de cena e sigo lendo o texto
numa tela de TV de 52”, com mais conforto (rsrs). Ela era muito leve e a gente
mexia nela acompanhando o texto pra frente, pra trás, ela caiu no chão,
levantamos e continuamos a ler.
De repente saímos para a rua, de volta ao smartphone, para mostrar o texto pro Mello Menezes que estava sentado
na direção da Van Filosofia.
Se você nāo sabe, a Van Filosofia foi uma maneira que inventei de
driblar a lei seca. Vez em quando eu e Renata, Baiano, Hugo Suckman, Vivi
Fernandes, Augusto Martins, Fatima Guedes, Gabriel Versiani, Felício Torres,
Marcelinho Moreira e Dani, Paulo Figueiredo e sua patroa Monica, alugamos uma
van e partimos para algum lugar distante para ver uma festa, um show, um
restaurante, um museu, sem ter os problemas de dirigir na volta, já que por
pura coincidência, todos nós enchemos a lata nestes momentos. O dia em que
fomos ao Quilombo do Grotāo assistir o Carlinhos 7 cordas foi o bicho.
Mas então eu estava comentando com o Mello sobre a sua crônica
quando apareceu o Nei Lopes com o jornal na māo. Perguntei: já leu a crônica do
Aldir? E ele prontamente: Sim, mas estou lendo de novo.
Um cachorro latiu, eu acordei, escovei os dentes e estou aqui no
computador te escrevendo essa missiva. Aceita um cafezinho? Acho que o sonho foi uma manifestaçāo de saudade de algumas poucas coisas que vivemos juntos mas que foram marcantes pra mim. O Luiz Alfredo sabe como funciona isso, né? Vou te
mandar uma melodia, ok? Beijos.
Comentários
Parabéns e abraços Cláudio Jorge
Chico Salles.
Belíssimo texto que ilustra sua maior qualidade: a simplicidade de jamais renunciar as suas origens. Apesar da sua qualidade notória em tudo que vc produz, nada transborda a sua simplicidade. Tenho orgulho de haver conhecido vc há mais de 40 anos. Seu filho - Gabriel - me parece haver herdado tudo de vc. Abração, amigaço.