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Uma foto, um rap, uma esperança

(Foto: Globo on line)

Eu Só Quero É Ser Feliz (Composição: Julinho Rasta e Kátia)

Eu só quero é ser feliz,
Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, é.
E poder me orgulhar,
E ter a consciência que o pobre tem seu lugar

Minha cara autoridade, eu já não sei o que fazer,
Com tanta violência eu sinto medo de viver.
Pois moro na favela e sou muito desrespeitado,
A tristeza e alegria aqui caminham lado a lado.
Eu faço uma oração para uma santa protetora,
Mas sou interrompido à tiros de metralhadora.
Enquanto os ricos moram numa casa grande e bela,
O pobre é humilhado, esculachado na favela.
Já não aguento mais essa onda de violência,
Só peço a autoridade um pouco mais de competência.

Eu só quero é ser feliz,
Andar tranquilamente na favela onde eu nasci, han.
E poder me orgulhar,
E ter a consciência que o pobre tem seu lugar.

Diversão hoje em dia, não podemos nem pensar.
Pois até lá nos bailes, eles vem nos humilhar.
Fica lá na praça que era tudo tão normal,
Agora virou moda a violência no local.
Pessoas inocentes, que não tem nada a ver,
Estão perdendo hoje o seu direito de viver.
Nunca vi cartão postal que se destaque uma favela,
Só vejo paisagem muito linda e muito bela.
Quem vai pro exterior da favela sente saudade,
O gringo vem aqui e não conhece a realidade.
Vai pra zona sul, pra conhecer água de côco,
E o pobre na favela, vive passando sufoco.
Trocaram a presidência, uma nova esperança,
Sofri na tempestade, agora eu quero abonança.
O povo tem a força, precisa descobrir,
Se eles lá não fazem nada, faremos tudo daqui.


Comentários

Anônimo disse…
bom dia amigo,estamos a ver as imagens da violencia aqui em Portugal no tv.Além disso tambem vejo as noticias da Holanda todos os dias sobre RJ.Esperamos que esse pesadelo acaba rapido, desejamos muita força para o povo Brazileiro.Um abraço forte,Jos e Guilherme.
Interessante observarmos que as favelas nasceram justamente da omissão do poder público desde o século XIX, quando aqueles que lutaram em Canudos, depois de atender caprichos do Estado, ficaram sem ajuda. Nos diversos períodos da História deste país, os pobres, negros, humildes e outros que imigraram para os grandes centros ocuparam um espaço para poderem viver com dignidade. Nunca existiu uma urbanização ou ocupação coordenada que atendesse as necessidades dos trabalhadores. A ausência do Estado gera exatamente o lado oposto, dos que se aproveitam de uma ausência de poder público. A ocupação é um fator histórico pois o que ocorre nas comunidades, ocorreu na época do feudalismo europeu, das colonizações na Ásia, África e América. Agora devemos retornar o espaço dando oportunidades de trabalho, saúde, educação, cidadania e dignidade. Não é culpar o favelado se é a classe dominante e a média que durante anos sustentou esse estado paralelo.
E aproveito para expandir esses versos: "Nós queremos é ser feliz, andar tranqüilamente nesse MUNDO onde nasci/ E poder me orgulhar e ter a consciência que todos tem seu lugar." (Todos que tenham dignidade, humanidade, fraternidade e solidariedade).

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