Uma das coisas que me dá prazer quando estou por aqui no verão de Lisboa é caminhar pelas ruas do centro sem ter lugar definido para chegar. Numas dessas entradas e saídas pelas ruas estreitas na região do Chiado, entrei no Cyber. Bica. Segundo meu amigo de sangue português Luiz Filipe Lima, este foi o primeiro cybercafé da Europa.
Pra quem não sabe, cafezinho no português de Portugal é “bica”, que pode ser curta, cheia ou normal.
Dei uma navegada, tomei uma bica cheia e segui meu caminho indo chegar no Largo do Carmo onde descobri o Museu de Arqueologia criado nas ruínas do convento do Carmo.
A igreja do convento é de 1389. No terremoto que sacudiu Lisboa em 1755 uma parte do convento desabou e um incêndio a seguir a prejudicou mais ainda. Desistiram de reconstruí-la e ali fundaram o museu.
Essas datas sempre me perturbam. Em 1389 o Brasil nem sonhava em ser “descoberto” e os caras já estavam falando português no planeta há tempos. E construindo igrejas, castelos, navios e inventando pastéis de natas, toucinho do céu e vinhos de montão.
Pelo menos nesta fase da humanidade, quando a gente ainda se comunica falando, escrevendo e no máximo cantando, quem chegou primeiro vai ficar na frente por muito tempo. É aquela história: quando os USA, principalmente, conseguirem acabar com o planeta por conta das guerras e poluição, eles terão a lua pra recomeçar, até acabarem com ela também.
Voltando do mundo da lua para Lisboa, as ruínas do convento do Carmo já são uma provocação por si só, agora encontrar peças do ano de 3500 antes de Cristo, recolhidas em solo português foi dose. Vai ser antigo assim lá na Academia Brasileira de Letras (brincadeirinha).O convento por si só já é uma provocação a imaginação, agora, encontrar lá dentro peças de 3500 anos antes de Cristo, recolhidas em solo português, foi dose. Vai ser antigo assim lá na Academia de Letras (brincadeirinha).
Para terminar o caminhada pelo centro,como é de costume, fui tomar uma dose de ginja lá na Praça São Domingos. É lá que funciona a primeira loja a comercializar a ginja em Portugal, com elas e sem elas, que é como eles se referem a dose com ou sem cerejas. É lá também que os africanos se reúnem pra botar o papo em dia e trocar objetos, vender e etc. Já comprei uns obis lá bem legais para os meus assuntos religiosos.
A ginja provoca a reflexão e penso que este parece ser um ciclo que não vai parar nunca. Os mouros já mandaram na região de Portugal. Portugal já escravizou os negros. Os negros africanos agora estão vindo morar em Portugal aos montes. Portugal levou os italianos que pra “trabalhar” no Brasil e agora os descendentes deles e dos alemães estão também vindo aos montes morar em Portugal. Os portugueses se estabeleceram no Brasil e agora eles estão voltando para Angola e os angolanos voltam a ser empregados dos portugueses, só que agora o pais é dos angolanos.
Muito estranho esse povo chamado humanidade. Eu fico numa curiosidade pra saber como isso vai estar daqui a quinhentos anos. Bom, deixa eu ir dar uma malhada na academia. Tenho que me cuidar, senão não chego até lá.
PS: No momento em que acabo de escrever esta crônica a RTP transmite em direto um incêndio que tá acontecendo na baixa de Lisboa, na Rua da Liberdade. O fogo lambeu uns prédios antigos o que fez lembra um incêndio que acontecido no Chiado em 1980.
O incêndio por si já é uma loucura, mas a entrevista que a repórter fez com um morador da região me chamou a atenção.
As primeiras informações chegadas aos jornalistas diziam que o prédio abandonado era freqüentado por tóxicos dependentes. O morador disse que essa era uma desculpa fácil. Na opinião dele o incêndio tinha origem na especulação imobiliária. Procurem saber.
Fiz umas fotos do incêndio através televisão no meu quarto no hotel onde estou no Saldanha. Nada Sebastião Salgado, mas dá pra quebrar um galho.
Pra quem não sabe, cafezinho no português de Portugal é “bica”, que pode ser curta, cheia ou normal.
Dei uma navegada, tomei uma bica cheia e segui meu caminho indo chegar no Largo do Carmo onde descobri o Museu de Arqueologia criado nas ruínas do convento do Carmo.
A igreja do convento é de 1389. No terremoto que sacudiu Lisboa em 1755 uma parte do convento desabou e um incêndio a seguir a prejudicou mais ainda. Desistiram de reconstruí-la e ali fundaram o museu.
Essas datas sempre me perturbam. Em 1389 o Brasil nem sonhava em ser “descoberto” e os caras já estavam falando português no planeta há tempos. E construindo igrejas, castelos, navios e inventando pastéis de natas, toucinho do céu e vinhos de montão.
Pelo menos nesta fase da humanidade, quando a gente ainda se comunica falando, escrevendo e no máximo cantando, quem chegou primeiro vai ficar na frente por muito tempo. É aquela história: quando os USA, principalmente, conseguirem acabar com o planeta por conta das guerras e poluição, eles terão a lua pra recomeçar, até acabarem com ela também.
Voltando do mundo da lua para Lisboa, as ruínas do convento do Carmo já são uma provocação por si só, agora encontrar peças do ano de 3500 antes de Cristo, recolhidas em solo português foi dose. Vai ser antigo assim lá na Academia Brasileira de Letras (brincadeirinha).O convento por si só já é uma provocação a imaginação, agora, encontrar lá dentro peças de 3500 anos antes de Cristo, recolhidas em solo português, foi dose. Vai ser antigo assim lá na Academia de Letras (brincadeirinha).
Para terminar o caminhada pelo centro,como é de costume, fui tomar uma dose de ginja lá na Praça São Domingos. É lá que funciona a primeira loja a comercializar a ginja em Portugal, com elas e sem elas, que é como eles se referem a dose com ou sem cerejas. É lá também que os africanos se reúnem pra botar o papo em dia e trocar objetos, vender e etc. Já comprei uns obis lá bem legais para os meus assuntos religiosos.
A ginja provoca a reflexão e penso que este parece ser um ciclo que não vai parar nunca. Os mouros já mandaram na região de Portugal. Portugal já escravizou os negros. Os negros africanos agora estão vindo morar em Portugal aos montes. Portugal levou os italianos que pra “trabalhar” no Brasil e agora os descendentes deles e dos alemães estão também vindo aos montes morar em Portugal. Os portugueses se estabeleceram no Brasil e agora eles estão voltando para Angola e os angolanos voltam a ser empregados dos portugueses, só que agora o pais é dos angolanos.
Muito estranho esse povo chamado humanidade. Eu fico numa curiosidade pra saber como isso vai estar daqui a quinhentos anos. Bom, deixa eu ir dar uma malhada na academia. Tenho que me cuidar, senão não chego até lá.
PS: No momento em que acabo de escrever esta crônica a RTP transmite em direto um incêndio que tá acontecendo na baixa de Lisboa, na Rua da Liberdade. O fogo lambeu uns prédios antigos o que fez lembra um incêndio que acontecido no Chiado em 1980.
O incêndio por si já é uma loucura, mas a entrevista que a repórter fez com um morador da região me chamou a atenção.
As primeiras informações chegadas aos jornalistas diziam que o prédio abandonado era freqüentado por tóxicos dependentes. O morador disse que essa era uma desculpa fácil. Na opinião dele o incêndio tinha origem na especulação imobiliária. Procurem saber.
Fiz umas fotos do incêndio através televisão no meu quarto no hotel onde estou no Saldanha. Nada Sebastião Salgado, mas dá pra quebrar um galho.
Comentários
Com seu texto, senti-me em plena terrinha: muito bom!
Quem sabe, breve, estarei por aí e almoçaremos no seu Guilherme.
Abraços e
Saudações alvinegras!
por incrível que pareça, o time jogou bem contra o Grêmio e impôs uma vitória incontestável; 2x0 saiu barato pra eles)
Marcelo
Seu post também me aguçou a curiosidade. Não tenho nada a ver com isso, mas você fica bastante em Portugal, assim como o Chico fica bastante na França e assim como outros tantos artistas do nível de vocês ficam bastante fora do país. Isso é alguma forma de "recarga" às baterias? Penso que se um dia vier a ser um fotógrafo renomado, terei que ficar um tempo fora do Brasil, seja por charme, trabalho ou necessidade, e então me pergunto: "Caro Robson, para onde você iria?". Não tenho idéia, mas com certeza algum lugar na Europa e/ou na África, pois são excelentes lugares para aprender história e arte, eu acho. Será que você poderia me dar uma dica? rs.
Sobre seu texto, própriamente dito, realmente acho tudo isso um tanto quanto engraçado, essa roda gigante que gira, gira, mas se observarmos direito, retirando a "maquiagem" dos fatos, veremos que não mudou muita coisa. Os negros continuam servindo os brancos e isso é muito triste.
Não que seja triste pelos negros e nem pelos brancos, mas é triste pela humanidade. Será que não houve evolução alguma? Ou será que ainda é pouco tempo para querer essa evolução?
Os pobres servem os ricos, mas os pobres, são, na maioria negros ou seus descendentes.
Portugal está na periferia da Europa, assim como a Itália. São países que estão enfrentando momentos terríveis quanto a sua economia e organização, porém continuam, contudo, executando mão de obra dos chamados "povos inferiores".
Também penso que a culpa disso é do próprio povo que se permite ser usado, menosprezado. Mas esse pensamento remete à outros discussões, sócio-políticas-econômicas-históricas. Então deixemos para depois.
De qualquer forma, quando eu for renomado (você poderia me ajudar com isso me convidando a fotografar um show seu, o que acha? rs) irei para Portugal e, mesmo sabendo que a herança que eles nos deixaram não é lá grandes coisas, espero ver um país em evolução pois o que leio por ai não é nada disso.
Cláudio, quando vem para São Paulo?
Um forte abraço,
att,
Robson de Almeida
eu não estou aqui para dar conselhos e sim para "aguçar a curiosidade" essa é a minha ambição e acho que no seu caso, me dei bem (rsrs.
Não acho imperativo que o artista tenha a obrigação de conhecer outros países, mas é sempre bom você ter contato com outras culturas.
No meu caso, é prerrogativa do ofício de músico profissional. A maioria das viagens que fiz foi integrando a banda de outros cantores e no caso do Martinho da Vila, lá se vão mais de quinze anos.
Quanto as questões das relações raciais ainda estamos longe do paraíso. Esses dias em Portugal houve um sério confronto entre negros e ciganos. Nunca imaginei isso acontecendo.
Quanto a ser renomado, se você tiver que ser será,independente de fotografar a minha cara feia (rsrs).
Em breve estarei em Sampa com o Martinho. Te aviso. Um abraço.
Beijos.