Foto: Caterine Vilardo
Foi
um evento patrocinado pela Boa da Antártica que reuniu o “mundo do samba” ontem
no Parque de Madureira para realizar a maior roda de samba do mundo e entrar
para o Guiness Book. Objetivo alcançado.
O
craque em espetáculos de samba, Túlio Feliciano, me convocou e ao meu amigo
Didu Nogueira para sermos os mestres de cerimônia da festa. Que honra.
Quando
cheguei no local e vi como seria o lance, me lembrei na hora do meu tempo de
garoto no Cachambi, quando eu ia pro terreno na casa do Betinho assistir o lançamento
dos hoje politicamente incorretos balões no São João. Aquele monte de gente
envolvida e aquele gigante que parecia impossível de se ver lá no céu.
Do
alto do palco do Parque de Madureira a cena me lembrou também o dia em que na
juventude fui tocar no Terreiro do Seu 7 da Lira. Aquele mar de gente, aquele
monte de mesas e garrafas de cerveja.
Até
aí não poderia imaginar o que vinha pela frente e que mesmo incumbido de uma
função profissional seria pego por vários momentos de emoção.
Para
além da conquista do Guiness, o evento proporcionou um encontro de sambistas
super necessário no momento em que estamos vivendo um sério retrocesso em relação a presença da cultura de origem africana no Rio
de Janeiro.
Era
latente a fraternidade a cada abraço, a cada beijo, “o prazer do reencontro”,
como canta Wilson Moreira em “Banho de Felicidade”.
Não
vou citar um por um dos que lá estavam
porque foram muitos cantando, tocando, cozinhando, técnicos, produtores
e o povão de Madureira e Oswaldo Cruz chegando junto lindamente.
As
lembranças de nomes como Wilson Das Neves, Luiz Carlos da Vila e Luiz Grande,
entre outros, foi igualmente inevitável, e a cada samba uma emoção diferente
era provocada em nós. Os olhares e cochichos ao pé do ouvido entre eu e Didu
Nogueira foram muitos.
O
Samba mais uma vez provou que não é para ser explicado, é para ser vivido, porque é muito maior do
que um gênero musical. Provou mais uma vez que não importa o tamanho do evento
e as dificuldades para realização, no final sempre dá certo.
Que
o título de maior roda de samba do mundo para o evento de ontem ajude a todos
os sambistas a ultrapassar o atual momento difícil em que vivemos. A
perseguição do passado volta a revelar suas raízes ocultas, querendo retirar do
samba os salões conquistados e as calçadas da fama da cidade que ajudou a
construir culturalmente. A perseguição volta tentando apagar o prestígio
mundial do samba e volta com a maldade de querer substituir monumento tombado por
tombada do monumento.
Um
parabéns particular para Túlio
Feliciano. Um parabéns geral para todos os amigos e a plateia que viveram esse
glorioso 21 de outubro de 2017 no Parque Madureira.
Luta
e alegria de viver são sentimentos atávicos ao samba e isso me parece que será
eterno. Quando não for mais assim, será porque estaremos num mundo melhor e o
samba não precisará mais ser trincheira nem porta voz dos sentimentos de
liberdade.
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