Hoje nāo falarei do Dia Internacional da Mulher porque hoje é o Dia Internacional
do Meu Filho Gabriel Versiani. Presente dos deuses ele ter nascido nesta
data simbólica.
Meu filho único, depositário de todas as
esperanças de eternidade da māe e do pai, escolheu seguir nossos passos dentro deste
universo que é a música. Quando eu escolhi este caminho, já nāo era fácil, agora
está muito pior.
Entāo meu filho é meu herói, porque
escolheu enfrentar os moinhos que o mundo inventou, desde os tempos de Don
Quixote, do mesmo jeito que eu.
Meu filho nāo me deixa esquecer o jovem que
fui um dia e acho que minha vida deve ajudá-lo a escolher os caminhos por onde
quer ou nāo quer passar.
Filhos e pais sāo aquelas pessoas que, normalmente, salvo duríssimas exceções, gozam
da maior intimidade, mas nenhuma das partes tem uma noção completa do que realmente
rola em seus universos particulares, desde pequenos no jardim de infância até a fase adulta nas Lapas e manifestações políticas da vida. Sāo mundos diferentes, separados por um
intervalo de no mínimo vinte anos que as vezes se tocam para depois voltarem as suas "clandestinidades".
Mas as notícias destes mundos chegam de um
lado e do outro, de varias maneiras, e as que me chegam sobre o meu filho
confirmam o orgulho que tenho pela pessoa que ele é. Se nāo confirmassem, o
orgulho seria o mesmo, acrescido daquela dose de preocupação paterna que nunca
acaba, mesmo quando se tem cem anos e o filho setenta.
O texto abaixo escrevi para o encarte do disco “Ainda
Sambo”, de Gabriel Versiani, produzido por mim. Parabéns meu filho. Felicidades. Te ligo, já já.
“Tempo vai,
tempo vem, tempo voa. Viver o tempo, viver meu tempo, no meu tempo. São
expressões que tentam, mas não nos dão nenhuma clareza, nenhum domínio sobre
essa entidade, o Tempo.
Veja este disco
do meu filho Gabriel Versiani. Em nenhum tempo da minha vida me imaginei
vivendo este presente, momento do tempo em que produzi um disco dele, cantando
suas próprias composições.
Não vou dizer
que o meu filho canta muito bem, que compõe tão bem quanto canta, porque seria
óbvio. Iria ficar um lance muito coruja. Mas pensando bem, dane-se a corujice,
vou me agarrar à verdade dos fatos. Gabriel Versiani é uma das grandes
novidades da nossa música, compondo e cantando, num momento brasileiro muito
pouco artístico, mas cheio de ambições comerciais e mágicas fórmulas de sucesso.
Tempos difíceis.
O tempo nos deu
de presente, pra mim e sua mãe Cláudia Versiani, o filho e o artista Gabriel. O
tempo me deu de presente, em meio a tanta coisa que já fiz em música, o prazer
de tocar meu violão neste disco junto com meus velhos amigos de profissão (confira
no encarte) e amigas como Mart’nália, Joyce Moreno e a Orquestra Criôla de
Humberto Araújo, que deram seu tempo pra enriquecer este trabalho. E o melhor,
tudo em ritmo de samba, um samba do jeito do Gabriel.
Nessa viagem no
tempo, tenho a sensação de ter virado avô. Claro. Este CD, tipo filho de
Gabriel, é o meu primeiro neto. E avô é aquilo: faz tudo o que o neto quer.
Então, estamos aí, pra viver os bons tempos que virão com Ainda Sambo, de Gabriel Versiani de Barros.”
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