Hoje, numa atitude totalmente “machista”, não
irei comemorar o Dia Internacional da Mulher, mas sim o Dia Internacional da
Minha Mulher, com todas as contradições, direitos e preconceitos que a
expressão “minha” possa ter.
Como disse Toninho Geraes de forma tāo original na voz do
Martinho da Vila, “já tive mulheres de todas as cores, de várias idades, de
muitos amores”, mas o meu último e definitivo casamento realmente me faz muito
feliz.
Felicidade é uma palavra altamente
comprometida no Brasil e no mundo de hoje, mas com o olhar certo e uma pequena
dose de alienação, a gente consegue enxergá-la, plena, vibrante, reluzente, como pepita de ouro quando
aparece brilhando no balaio do garimpeiro.
Minha pepita mulher, Renata Ahrends, foi
escolhida pelos Orixás para que ela me escolhesse como namorado. A mulher é
sempre quem escolhe. De namorado, viramos marido e mulher, viramos amigos,
viramos cúmplices, e como escrevi no samba, “hoje somos dois e quase sempre
somos um”.
A mulher Renata é risonha e combativa, ao
mesmo tempo. É doce e crítica, é forte e frágil. Ri largamente por qualquer bobagem na mesma medida que
chora por qualquer coisa. Tudo isso na mesma intensidade, numa mesma pessoa, e
nesse sentido ela é pequena e gigante.
Chora principalmente com a injustiça social,
com a humilhação dos mais pobres e fragilizados. Chora de raiva por causa dos
políticos corruptos, da violência policial e do desrespeito a natureza. Chora
quando ouve uma música bonita. Chora, mas chora muito, quando o Flamengo perde.
E eu botafoguense. O que fazer, né? Por amor tenho que chorar junto.
Esse pacote de intensidade existencial terminou
por dar uma sacudida recente em seu coração grande. Mas está tudo bem, dentro
da luta diária para ficar longe de seu velho companheiro o reles e vulgar
cilindro de tabaco. Uma luta que ela vem vencendo com galhardia e que me deixa
muito orgulhoso.
Coraçāo grande o suficiente para abrigar
pessoas, causas, sentimentos intensos e um lugarzinho privilegiado pra mim.
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