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FECHANDO O COMITÊ


 A sensação que tenho é que está a pleno vapor a campanha de terceiro turno. A derrota do PSDB não está sendo elegantemente assimilada pelos militantes adversários, pelo menos aqui no Facebook. E parece que ficou proibido, de repente, o verbo “zoar”. Tipo o que eu fiz com a patroa quando o Botafogo ganhou agora do Flamengo.
Nos bares, nos lares, no olho a olho, as coisas estão mais civilizadas, mas não menos discutidas, ainda.
Numa eleição, na democracia, não há vencedores nem derrotados definitivos, tudo não passa de uma transferência momentânea do bastão, nos níveis federal, estadual e municipal. Muda a escola campeã mas o carnaval continua. Acontece de uma mesma escola ser campeã várias vezes. Mas o que está acontecendo é que, por enquanto, e espero que isso passe rapidamente, é que as defesas e acusações entre as partes continuam latentes, infelizmente.
Sei que é mole para mim propor paz, harmonia, respeito, compreensão, reflexão e uma dezena de outros gestos nobres, afinal, minha candidata venceu, mas não há outro caminho. Temos que zelar pelas nossa amizades, pelos nossos parentes, pelos nossos locais de trabalho e pela boêmia nossa de cada dia. A questão política não pode se sobrepor aos relacionamentos sociais criados ao longo do tempo.
No final das contas somos todos vítimas de um sistema existencial injusto, competitivo, desleal, cujo maior interesse é nos colocar uns contra os outros para que uma minoria fique lá de cima tomando champanhe se divertindo com a gente, como se fôssemos gladiadores numa arena romana ou cristãos atirados aos leões.
Esse sistema, que tem nos meios de comunicação as suas armas letais, criou um ambiente nacional de ódio, reafirmou preconceitos, dividiu o Brasil graficamente, disseminou em nós o desânimo, a descrença no país, na vida, nos políticos, nas autoridades constituídas, forjando um Brasil midiático dissociado da realidade das rodas de samba, das festas, dos encontros amorosos, das amizades e dos milhares de pessoas que nesse país afora praticam o bem e são honestas. Pessoas que trabalham muito, que criam muito, que são solidárias com seus vizinhos, que amam o Brasil e que são otimistas em relação ao presente e ao futuro. Pessoas de todas as cores, religiões e preferências sexuais. Brasileiros com o sagrado direito de ir, vir, pensar, escolher e falar como preferem viver a vida que lhes foi dada divinamente, de graça, mas que é delas, só delas.
O Brasil real não tem crachá para entrar nos grandes meios de comunicação e assim nós vamos indo  sendo diariamente minados só com notícias ruins. Por favor psicólogos e antropólogos amigos, deem uma palavra sobre isso.
Hoje estou fechando o comitê de campanha do blogdoclaudiojorge. Não tenho mais opinião nenhuma a dar sobre a eleição que passou, sobre as tentativas de golpe que virão por aí, sobre o noticiário que continuará a ser negativo em relação ao governo eleito, sobre novos escândalos que irão surgir e etc. Meus três leitores do blogueFacebook e Twitter já sabem o que eu penso. Então, “partiu” música, “partiu” meus novos discos, shows e chopinho com os amigos, porque tem uma vida maravilhosa lá fora para ser vivida. Beijos.

Comentários

Unknown disse…
A vitória da nossa candidata nesta eleição nos remete à queda de um vaso precioso chamado AMIZADE no chão....vamos precisar de muita paciência, “Jogo de cintura” e maturidade, para superarmos essa questão. Como você bem diz: - “A questão política não pode se sobrepor aos relacionamentos sociais criados ao longo do tempo”... eu acredito que, o próprio tempo se incumbirá de colher, e usar a DEMOCRACIA para reunir e colar esses “cacos”.
Que venha o NATAL, FESTAS DE FIM DE ANO, CARNAVAL.....
Anônimo disse…
Assino embaixo, pois nao suporto os democratas zarolhos. A vida transborda a qualquer coisa.
O povo que comece a teimar e a questionar.
E nós estejamos sempre juntos.
xF
Rosa Maria de Carvalho disse…
Claudio Jorge falou e disse... como sempre.
Rosa Maria

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