Como hoje em dia a gente se vê obrigado a opinar sobre tudo, não vou perder a oportunidade de dar meu palpite sobre a volta do JB. Motivo para muita euforia, esperanças e, pelos papos no facebook e WhatsApp, um sucesso de vendas, a volta do JB chega como copo d’água em intervalo de pelada. Que carência a nossa, meu Deus, nestes tempos de pensamentos e comportamentos convergentes de nossos jornais e TVs!
Na minha opinião de leitor, não entendo nada de jornalismo, estou vendo
a volta do JB como um alívio momentâneo da nossa sede por uma imprensa de
verdade como nos velhos tempos, como é hoje a alternativa da internet, onde o tráfico de informações é
imenso e de vários matizes.
Li o novo JB como lia o JB no passado. Leitura geral, sem perder tempo
com textos que não me sequestravam logo no início e dessa forma cheguei a
elogios e críticas.
Gosto muito das coisas que vêm na contramão de algumas verdades, tipo,
“jornal em papel está no fim”, “o CD acabou” e etc. Os caras que promoveram a
volta do jornal demonstram coragem para enfrentar “verdades definitivas”, isso
achei muito bom.
Acho justa também a média que foi feita onde se publicou textos de
vários setores da vida brasileira, desde prefeitos, governadores,
parlamentares, investigados, juristas, condenados, golpistas e petistas.
Apesar de já ter visto críticas a respeito , gosto da ideia de ver
jornalistas maduros formando a maioria dos profissionais que lá estão. Concordo
que se possa mesclar melhor as faixas etárias, mas discordo dessa idéia antiga
da ditadura do “novo”, “da novidade”, do “moderno”, “da renovação”,
predominância em nossas empresas e nos palcos da vida do mundo ocidental,
quando muita gente boa das antigas têm muito para contribuir com os que estão
chegando. Papo de velho, ok.
Muitos dos problemas do mundo ocidental advém dessa ruptura, coisa que
não se vê no oriente, entre as tribos indígenas e no Candomblé, por exemplo.
Gostei do primeiro número dedicado basicamente a história passada do JB.
Como exemplar para localizar a história do jornal para os mais novos acho muito
legal. Só no primeiro, combinado? Bem vindo o retrospecto de momentos marcantes
do jornalismo que acho muito bom serem lembrados, como a foto do Luiz Morier
mostrando negros amarrados uns aos outros com cordas no pescoço, revelando que
as coisas em relação ao racismo não mudaram daquela época para a intervenção
dos dias de hoje nas favelas cariocas.
De um modo geral gostei desta relembrada em símbolos ligados a um Brasil
que esteve em algum momento no caminho de se tornar uma nação justa para seu
povo, moderna, criativa, dona de seu destino e de suas riquezas, em contraste
com os dias de hoje com clima de fim do mundo e com uma imprensa de māo única.
Eu diria que nós os esperançosos vivemos no último domingo um “efeito
JB”, aquela expectativa de acontecer algo de bom que estamos esperando e que
nāo sabemos exatamente o que é nem de onde vem.
Minha critica vai pra os erros de revisão, para o visual ortodoxo preso
a imagem do antigo JB. Acho que poderia ter uma atualização neste aspecto, mas
acredito também que essa tenha sido uma das apostas dos novos donos.
Minha critica mais contundente vai para a manutenção do padrão da grande
imprensa. Entre colunistas, diretores, editores, correspondente, nenhum negro.
Entre dezesseis profissionais, três mulheres na equipe do jornal, igual ao
inicio do governo Temer. Fotos com negros só a já citada do Morier, a de
jogadores de futebol, a de um traficante armado e a de um modelo de uma
propaganda. Ou seja, tudo continua como dantes no quartel de Abrantes.
Outra grande ausência que senti nas felicitações sobre a volta do Jornal
do Brasil foi a palavra de um musico, um cantor, uma cantora. Como nos velhos
tempos, a música nāo tem voz.
Mas estamos nos tempos do Youtube então a trilha sonora desta crônica
será “Malandro JB” de Renato Barbosa e Nei Lopes cantada pelo João Nogueira,
com direito a umas imagens do meu corte de cabelo blackpower. Aguardemos as próximas tiragens.
https://youtu.be/Jrao-YDdFDs
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