Hoje à noite quando eu subir no palco do Teatro Rival – Petrobrás nāo vai ser como as outras vezes que cantei por lá em trabalhos anteriores.
Lá estive pela primeira vez como autor da trilha de um musical escrito pelo meu querido parceiro Nei Lopes e com direção do grande ator Haroldo De Oliveira. Foi o “Oh! que delícia de negras”, espetáculo engajado abordando o racismo no Brasil.
Depois foram atuações como músico em shows de Martinho da Vila, o show “Vila Isabel dá Samba”, junto com Agriāo, Mart’nália e Luiz Carlos da Vila, os lançamentos do “Coisa de Chefe”, “Matrizes”, com Luiz Carlos da Vila, “Amigo de fé”, “Ismael Silva, uma escola de Samba”, junto com Augusto Martins e outros que no momento que escrevo me fogem à memoria.
Embora intimo do palco do Rival, a noite de hoje vai ser muito diferente. Estarei em cena completando 70 anos e na platéia minha mulher, Renata Ahrends, nascida na mesma data que eu, completando alguns poucos.
Nos encontramos num ensaio do bloco “Sorri pra mim”, em Vila Isabel, lá se vāo vinte e três anos. Quando nos demos conta que nascemos na mesma data resolvemos na hora juntar os signos, pra sempre.
Vai ser diferente o Rival dessa vez porque estarão comigo amigos de estrada destes longos anos, ao lado de jovens e grandes amizades que conquistei depois dos cinqüenta.
Nunca fui afeito a grandes comemorações de aniversário, mesmo nas datas redondas, e por conta disso só em janeiro deste ano me toquei que iria fazer os 70, o que fez eu acrescentar o assunto ao título do meu mais novo disco, “Samba Jazz, de raiz. Cláudio Jorge 70”.
O lance é que 70 é um número muito forte. Primeiro pelo “ufa!”, caramba consegui chegar até aqui. Segundo pelo ‘putz!”, como vai ser daqui pra frente? Afinal, a sensação de ainda nāo ter feito tudo o que eu gostaria de fazer é muito presente. O que eu gostaria de fazer? Nāo sei, algumas idéias, mas nenhuma certeza, como sempre, só sei que gostaria.
Só sei também que o que alguns de vocês ainda vāofazer, eu já fiz. Viver mais uns trinta pra ver o que rola seria uma, mas com saúde, com dindin, com os amigos, com meu irmão Luiz Antônio, com o amor de Renata e do meu filho Gabriel Versiani e do neto/a que ele e minha nora Marília Arrigoni encomendaram.
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